

Pode-se pensar que tal estado é da mais perfeita "normalidade", pois a autocrítica consciente é algo cada vez mais raro em nossa sociedade. E um dado alarmante: parece que a indiferença tem-se estabelecido como a ação dominante no nosso modo individualista e pluralista de ser. É quase como uma ordem silenciosa, que estabelece-se e padroniza os relacionamentos humanos a priori. Assim, sabe-se a priori que "não é legal" lidar com quaisquer questões alheias, principalmente de pessoas "estranhas", pois, de imediato, qualquer tipo de ação neste sentido poderá ser interpretada como desrespeitosa, inconveniente e assaz perturbadora. A indiferença só poderá ser analisada e autoevidenciada através de uma análise psicológica pessoal simples, mas verdadeira. Corro o risco de até ser interpretado como paranoico ou inconveniente aqui, justamente pelo fato de que pode haver quem leia estas linhas e diga para si mesmo: "Mas o fato de este pastor pensar em como devo agir beira a petulância". E o que muitos poderão fazer? Nada! Estão dominados pela lei do pensamento da indiferença. Não me odiarão, ou odiarão quem pensa diferente... simplesmente seguirão indiferentes.

"O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta". (vss. 4-7).Ora, se o amor não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal e não se alegra com a injustiça é porque é humilde, conveniente, busca os interesses do próximo, é paciente, alegra-se com o bem e entristece-se com a injustiça (alegrando-se com a justiça). O fato de o amor "não fazer" uma série de atos não implica dizer que a neutralidade quanto a estes mesmos atos significa amor ou bondade. Não significa. O oposto do que foi dito implica amor, e não a neutralidade! Assim, cristãos "neutros" convenientemente adaptados ao nosso mundo "plural" e sabedores de seus deveres obrigatórios mas negligentes quanto aos mesmos são cristãos que não amam. Resta a pergunta: se a marca característica do Cristianismo é o amor, o não-amor na vida de um indivíduo o qualificaria como o quê? Só uma resposta obedece a esta simples, porém inequívoca lógica: um não-cristão.

Em Cristo Jesus,
Pr. Artur Eduardo
Um comentário:
Muito interessante este texto, já vi muitas vezes atitudes de indiferença de pessoas a minha volta conhecidas ou não. Esses dias estava viajando de ônibus e um rapaz vendia canetas a R$ 2,00, marca textos com mensagens a R$ 0,50 e outras coisinhas. Ele passava por todos os bancos e entrega para as pessoas e depois passava pegando de volta daqueles que se recusavam a comprar. Junto com cada objeto tinha um bilhete digitado explicando que ele era surdo-mudo e vendia os produtos para conseguir renda. Por acaso ele me entregou uma caneta o objeto mais caro "R$ 2,00, mas observei que as pessoas o trataram com muita indiferença pareciam não se importar, de um ônibus lotado 2 ou 3 pessoas adiquiram o produto, eu não precisava de uma caneta, no entanto aquele rapaz precisa daquela ajuda. Eu não consigo passar perto de um cachorro machucado e abandonado, de um andarilho, de uma árvare cortada, de uma criança de rua, sem pelos menos pensar qual foi a causa daquilo. Mas hoje infelizmente as pessoas estão pensando somente no seu bem-estar, e esquecem do próximo.
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