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domingo, 16 de janeiro de 2011

Hipocrisia pós-moderna

A PSEUDO-CORTESIA DO POLITICAMENTE CORRETO

Você já ouviu alguém dizer algo como “Estou farto de atitudes politicamente corretas”. E então, como se para provar o que está tentando dizer, essa mesma pessoa usasse designações ofensivas para descrever outras pessoas? Ou talvez você tenha notado que aqueles que muitas vezes denunciam expressões de ódio são os primeiros a rotular outra pessoa de intolerante?
O que é que foi que aconteceu com a cortesia — ou eu diria civilidade — no debate público?
Olha, essa é a pergunta que minha amiga Gina Dalfonzo explora em seu artigo “The Lost Virtue of Courtesy” (A Virtude Perdida da Cortesia) na Christianity Today Online. Ela comenta que no livro “Mere Christianity” ("Cristianismo Puro e Simples"), C. S. Lewis descreveu cortesia como a ideia “de que ninguém dê nenhum tipo de preferência para si mesmo”. Cortesia, escreveu ele, é uma das marcas distintivas de uma “sociedade plenamente cristã”.
Mas como Gina explica, numa sociedade pós-cristã como a nossa, “eu em primeiro lugar” significa “todas as outras pessoas em segundo lugar”. Quando as pessoas se tornam seus próprios deuses, elas naturalmente acabam dando toda preferência para si e nenhuma para os outros. Elas colocam um valor mais elevado na expressão própria do que em atos de bondade para com os outros, porque elas creem que suas próprias opiniões e sentimentos importam mais.
E as ideias e atitudes politicamente corretas de hoje se tornaram um tipo de alternativa secular para a velha virtude cristã da cortesia. Mas essas ideias e atitudes politicamente corretas estão sendo promovidas e praticadas na maior parte pelos mesmos indivíduos que desejam expulsar os valores cristãos da esfera pública.
Então, terminamos com uma estranha dicotomia: uma sociedade cheia de pessoas que, ao mesmo temo, condenam o ódio e cospem ódio.
Veja o exemplo, nota Gina, do colunista Dan Savage, que foi o primeiro a propor um projeto para ajudar adolescentes que sofrem bullying. Mas nessa mesmíssima coluna, ele fez grosseiros comentários sexuais acerca de uma mulher conservadora na política.
Ou veja o exemplo do “Rally to Restore Sanity” ("Comício para Restaurar a Sanidade Mental") no National Mall — um comício que todos esperavam ser de moderação e razão. Mas um dos cantores em destaque, Cat Stevens, que se converteu para o islamismo, certa vez apoiou a convocação do Aiatolá Khomeini para que o novelista Salman Rushdie fosse assassinado.
As pessoas se conduzem desse jeito com cara de pau, nunca nem mesmo reconhecendo sua própria hipocrisia. Elas se esqueceram do que é a verdadeira cortesia e o que ela requer de nós — e o motivo disso é porque se esqueceram, ou rejeitaram, a cosmovisão cristã.
Entenda: a virtude da cortesia tem raízes na ideia da imagem de Deus, o conceito de que cada um de nós foi criado à imagem de um Deus amoroso. É isso o que dá a cada e toda pessoa dignidade e torna cada um de nós digno de respeito.
É por isso que na epístola de Tiago lemos: “Com [a língua] bendizemos a Deus e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus… Meus irmãos, não convém que isto se faça assim.” Lamentavelmente, na cultura tóxica em que vivemos, nós cristãos muitas e muitas vezes nos esquecemos disso e acabamos nos conduzindo como o restante do mundo. Pela graça de Deus, nosso comportamento tem de ser melhor.
Para recuperar a virtude perdida da cortesia, nós que entendemos que todo ser humano foi feito à imagem de Deus precisamos dar o exemplo — e orar para que outros sigam nossa iniciativa. Fonte: Julio Severo, do Life Site News Em Cristo Jesus, Pr. Artur Eduardo

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